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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um dedo a mais. PARTE 2

Valorização. Esse é o tema da vez. Eu pensei, pensei e pensei, por fim decidi que a valorização ela também precisa acontecer em outros termos, por outros ângulos. Será que nós mesmos nos valorizamos? Quer dizer, será que não estamos sempre brincando de sermos inferiores, de nos menosprezar, de achar que qualquer pessoa que venha lá de fora, só por ser 'estrangeiro' já é melhor?! É muito fácil falar que o Brasil é uma bagunça e que nada aqui acontece direito, essa é uma história que se repete na boca de todo mundo e duvido que alguém, algum dia, não tenho dito exatamente isso. Não tiro a razão, mas acho que por trás dessa visão existe um vício de desconsiderar tudo que nosso país tem. Nós não somos definidos pelo carnaval ou pelo futebol. Nós não somos apenas nossas praias e Pelé, Ronaldinho etc. Somos um povo que se orgulha de tudo aquilo ao qual somos BEM representados. Futebol não nasceu no Brasil, é um esporte europeu, mas que o brasileiro adaptou ao seu molejo, a sua ginga, a sua criatividade. O brasileiro leva a vida como leva a bola nos pés, não com essa terrível história de "jeitinho brasileiro" de tentar trapacear e se dar bem em cima dos outros, mas na questão de ir equilibrando, se virando da maneira que dá de modo que no fim do mês tenha alimento na geladeira e na mesa, de modo que os filhos estejam se tornando pessoas honestas, ainda que a pobreza seja uma companheira ciumenta. O brasileiro é um camaleão. Tá ruim, mas está sorrindo, de bom humor. O dinheiro do mês acabou, mas eu vou atrás do bloco de rua tentar me divertir.
           Está certo que de certo modo essa maneira um pouco "positiva" ou talvez, quem sabe, acomodada, do brasileiro acaba sendo prejudicial quando o negócio está ruim e não tem como dizer "mas está bom" porque está ruim e pronto, e NÓS temos que consertar, correr a trás, exigir melhorias. Não dá pra equilibrar a bola entre os pés, quando nos dão um carrinho, uma banda, e desmontam a nossa jogada. Não dá para garantir a comida na mesa quando a pobreza dá as mãos para os corruptos, os egoístas, os safados, aqueles que querem dar "um jeitinho brasileiro" e ser malandro a custa da infelicidade dos outros. O problema do brasileiro é que ele se preocupa muito com o outro. O outro estrangeiro porque é sempre uma sombra pairando, é sempre melhor, é sempre mais inteligente, mais bem vestido, mais eficiente. O outro que mora ao lado porque se ele fez uma coisa errada, na primeira oportunidade que tenho eu faço também, já que ele está tirando essa onda, eu também quero. E que se ferre os demais. Isso não é característica de pobre não, isso é característica de grande parte dos brasileiros mesmo, do rico ao pobre, do nordestino ao sulista. Do eleitor ao político. A política de um país é o reflexo da sociedade, não podemos esquecer disso.
    Muitas pessoas não conhecem certas leis no Brasil que são muito interessantes, são inclusive superiores as leis dos demais, mas aqui... Não estão seguindo a lei, não estão cumprindo, estão trapaceando. Nossas leis eleitorais são uma das mais bem elaboradas, mas sempre tem um jeitinho de tornar tudo sujo, de usar as leis tão bem feitas para usos maléficos. Nossa política teórica é tão bonita, mas não mal utilizada na prática. Nossa constituição é tão democrática, tão justa, tão ampla, mas TÃO esquecida, desrespeitada, desconsiderada. As pessoas confundem liberdade com libertinagem, direito com apelação, limites com censura. 

Por isso nós dizemos que o Brasil é uma bagunça, porque nós, enquanto povo, enquanto POPULAÇÃO, somos desorganizados. Acomodados. Desinformados. Desvalorizados, começando pela maneira como nós mesmos nos enxergamos.

    Temos que bater no peito e honrar essa terra que nos dá nosso sustento, que nos acolheu quando nascemos, que nos dá alimento, abrigo, chances de viver. O maior cirurgião plástico do mundo é brasileiro, mas ele trabalha nos Estados Unidos, um dos melhores é o Ivo Pitanguy, brasileiro sim senhor; Oswaldo Cruz  foi cientista,médicobacteriologistaepidemiologista e sanitarista. Pioneiro nas descobertas de moléstias tropicais, descobridor de vacinas; o Brasil é o país mais avançado nas pesquisas para o coquetel para doentes da AIDS e dizem que é o país mais avançado nas pesquisas de cura para doenças que aflingem o mundo de maneira drástica, um dos maiores artistas plásticos é brasileiro, Ayrton Senna do Brasil é um marco até hoje na F1, Brasil é o único país do mundo com eleições eletrônicas que tornam o processo eleitoral mais rápido e mais democrático, temos a Amazônia, Rio de Janeiro, Fernando de Noronha, Bonito, Florianópolis, Salvador outros milhões de lugares maravilhosos de uma natureza deslumbrante, nosso povo é criativo, generoso, simpático... Temos tanto pelo o quê lutar, poderíamos ser tão mais. Mas antes de olhar para o OUTRO e desejar que alguém faça alguma coisa, precisamos NÓS começar a nos mexer. É hora de deixar de olhar para o lado e começar a olhar para a frente. 

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